Circuito BNDES Musica Brasilis chega no dia 17 de dezembro a Fortaleza

Desde 2011 o projeto se destaca pelo uso pioneiro de projeções e roteiros que contextualizam os repertórios. Em Fortaleza, no palco do TJA, OSUECE e solista José Staneck (harmônica) interpretam Alberto Nepomuceno e Glauco Velasquez.
Em vídeo, Mateus Solano é Alberto Nepomuceno


Após apresentações em Porto Alegre, Belo Horizonte e Rio de Janeiro, chega a Fortaleza o V Circuito BNDES Musica Brasilis, que realiza no país concertos em homenagem aos compositores brasileiros Alberto Nepomuceno e Glauco Velasquez.

Em Fortaleza, terra natal de Nepomuceno, o projeto acontece no dia 17 de dezembro, às 19h30, no Theatro José de Alencar, com apresentação da Orquestra Sinfônica da Universidade Estadual do Ceará (OSUECE), regida por Alfredo Barros, tendo como solista José Staneck (harmônica). A entrada é gratuita.

Repertório:
1888      Alberto Nepomuceno – Batuque (da Série Brasileira)
1894      Alberto Nepomuceno – Medroso de Amor (Juvenal Galeno)
1891      Alberto Nepomuceno – Adagio para cordas
1902      Alberto Nepomuceno – Serenata para cordas
1903      Alberto Nepomuceno – Coração Indeciso (Frota Pessoa)
1905      Glauco Velasquez – A Casa do Coração (poema Antero de Quental)
1906      Alberto Nepomuceno – Coração Triste (texto Machado de Assis)
1906      Alberto Nepomuceno – Trovas nº1 – texto O. Duque Estrada
1908      Alberto Nepomuceno – Suite Antiga (Rigaudon), Romance
1913      Glauco Velasquez – Alma minha gentil (poema de Camões)
1913      Glauco Velasquez – Cantique de Soeur Béatrice
1913      Alberto Nepomuceno – Abul  - Interlúdio



Idealizado e dirigido pela cravista e pesquisadora Rosana Lanzelotte, o Circuito BNDES Musica Brasilis comemora cinco anos em 2014. O projeto é a única série de espetáculos multimídia voltados exclusivamente para os repertórios brasileiros de todos os tempos e gêneros. As apresentações deste ano são homenagens a dois grandes nomes da música brasileira, injustamente esquecidos após a Semana de Arte Moderna: Alberto Nepomuceno, considerado o “pai do nacionalismo”, lembrado pelos 150 anos de nascimento; e Glauco Velasquez, falecido há 100 anos, um dos mais talentosos compositores brasileiros, cujo gênio foi comparado ao de Villa-Lobos.

Projeções e Roteiros:
Cenografia de Hélio Eichbauer . Filmes de Humberto Mauro.
Mateus Solano é Alberto Nepomuceno.

Desde 2011 os Circuitos BNDES Musica Brasilis se destacam pelo uso pioneiro de projeções e roteiros que contextualizam os repertórios, transcendendo o formato habitual de concertos. Ao longo de quatro edições, foram realizados mais de 100 espetáculos em 15 cidades por todo o Brasil, para mais de 20 mil espectadores. Já se apresentaram no evento nomes como Antonio Meneses, Fabio Zanon, Fernando Portari, Jacques Ogg, Wilbert Hazelzet e Quinteto Villa-Lobos.

Este ano, o cenógrafo Hélio Eichbauer preparou projeções baseadas em filmes do pioneiro Humberto Mauro, autor de diversos documentários sobre compositores brasileiros, com animações de Dani Ferrari. As peças musicais são contextualizadas pelo monólogo idealizado por Rosana Lanzelotte e Beth Ritto, em que Alberto Nepomuceno, em gravação realizada pelo ator Mateus Solano, fala sobre a música e a época.

O V Circuito BNDES Musica Brasilis é patrocinado pelo BNDES, com apoio de Serpro, Chemtech e CTAv (Centro Técnico Audiovisual), guardião dos filmes de Humberto Mauro. O Circuito é uma realização do Instituto Musica Brasilis.

Recuperação de partituras e venda através da Apple

O minucioso trabalho de recuperação das partituras das músicas que compõem o repertório foi realizado pelo Instituto Musica Brasilis, que disponibilizará o material digitalizado para download em seu portal até o final do ano.  Estes espetáculos marcam a estreia da venda de partituras através da Apple.

“Criei o Musica Brasilis quando percebi o quão é difícil o acesso a partituras de música brasileira. Ao contrário de outros países, em que tudo ou quase tudo foi editado, no Brasil quase nada foi editado. Até mesmo de Villa-Lobos e Tom Jobim, há diversas obras que continuam em formato manuscrito e, por isso, não são tocadas. O que os músicos não podem tocar, o público não pode conhecer. Vai ficando para trás uma parte importante de nossa cultura”, explica Rosana Lanzelotte.

Os compositores homenageados

Alberto Nepomuceno (1864 – 1920): foi um dos primeiros a escrever canções clássicas com texto em português. Conhecido como o “pai do nacionalismo”, ele defendia que “não tem pátria, o povo que não canta em sua língua.” Reconhecido como um dos protagonistas da produção musical brasileira pós-República, Nepomuceno escreveu mais de 200 obras, entre as quais três óperas, uma sinfonia e mais de 80 canções de 20 peças para piano.

Glauco Velasquez (1884 – 1914): sua vida inspiraria uma obra de ficção. Grávida, sua mãe solteira viajou para a Itália, onde Glauco nasceu e viveu até os 12 anos. A breve existência não impediu que fosse considerado por seus contemporâneos como um dos mais talentosos compositores brasileiros, comparável a Villa-Lobos. Seu estilo é único, novo para a sua época, destacando-se pelas harmonias ousadas. Faleceu aos 30 anos, vítima de tuberculose.

Cineasta Humberto Mauro

Considerado um dos pioneiros do cinema brasileiro, Humberto Mauro (1897 – 1983) dirigiu a partir de 1929 as primeiras produções da Cinédia, mostrando domínio da técnica do cinema falado. O sucesso de seus  filmes tornou a Cinédia o estúdio mais importante da época. A convite de Edgar Roquette-Pinto, Mauro se juntou ao Instituto Nacional do Cinema Educativo, onde por décadas realizou filmes sobre temas tão variados como astronomia, agricultura e música. Realizou documentários sobre os compositores Alberto Nepomuceno – do qual são utilizadas cenas nos espetáculo do Circuito BNDES Musica Brasilis – Carlos Gomes, Henrique Oswald, Leopoldo Miguez, Heckel Tavares. Enquanto trabalhou no INCE, Mauro dirigiu apenas três longas metragens: Descobrimento do Brasil (1937), com música de Villa-Lobos, Argila (1940) e Canto da Saudade (1952). Durante seus últimos anos de vida, Mauro foi a inspiração principal da geração do Cinema Novo. Nelson Pereira dos Santos e Glauber Rocha eram seus admiradores declarados. Apesar de não ter feito carreira internacional, devido às limitações da época, foi homenageado no Festival de Cannes como um dos cineastas mais importantes do século XX.

Os artistas e colaboradores do Circuito BNDES Musica Brasilis

Alfredo Barros - Regente
Doutor em Composição pela The University of Texas at Austin (2007), é Professor da Universidade Estadual do Ceará e regente titular da orquestra da Instituição. Compõe obras de diversos gêneros, desde música vocal à música eletro­acús­tica. Entre os muitos prêmios, foi agraciado em primeiro lugar no II Concurso Psycho­pharmacon de Obras Corais em São Paulo, em 1990, com a obra A mestra.

José Staneck – harmônica
Misturando influências diversas, José Staneck desenvolve um estilo próprio onde elementos tanto da música de concerto quanto da música popular brasileira e do jazz se fundem a serviço de uma sonoridade e expressividade marcante. Estudou harmonia com Isidoro Kutno, análise com H. J. Koeullreutter e interpretação com Nailson Simões. Obteve o título de Mestre pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - UNIRIO. Atua com diferentes formações camerísticas, e já foi solista de diversas orquestras sinfônicas nacionais e internacionais.

Beth Ritto - Roteirista
Jornalista e roteirista com experiência em criação e desenvolvimento de projetos, Beth Ritto foi editora de Cultura da Rede Globo, participando de coberturas jornalísticas: Festival Internacional de Cinema do Rio de Janeiro, Free Jazz, Desfile das Escolas de Samba, entre outras realizações. Gerente de Projetos e Conteúdo do canal GNT/Globosat, de 2001 a 2006, foi responsável por toda a programação nacional do canal durante o período. Desde 2013 colabora como roteirista e escritora para o Circuito BNDES Musica Brasilis.

Rosana Lanzelotte – curadora e diretora (www.lanzelotte.com)
Uma das mais aplaudidas artistas brasileiras, destaca-se pelas realizações na área musical. Doutora em Informática, criou o portal www.musicabrasilis.org.br que, com 6000 acessos mensais, tornou-se o portal de referência da música brasileira. Desde 2009 está à frente dos Circuito BNDES Musica Brasilis, série de concertos realizados em 15 cidades de todas as regiões do país. Obras de compositores brasileiros de todos os tempos são complementadas por imagens e textos, em espetáculos marcados pela inovação. Suas realizações a fizeram merecedora do Prêmio de Cultura do Rio de Janeiro (2002) e da comenda Chevalier des Arts et des Lettres, concedida pelo Governo francês (2006).

SERVIÇO

V Circuito BNDES Musica Brasilis  - Orquestra Sinfônica da UECE (OSUECE), com regência de Alfredo Barros, e solista José Staneck (harmônica). Programa: Obras de Alberto Nepomuceno e Glauco Velasquez.  Dia 17 de dezembro, às 19h30, no Theatro José de Alencar (Rua Liberato Barroso, 525, Praça José de Alencar, Centro, Fortaleza). Livre para todos os públicos. Entrada gratuita. Tel: (85)3101.2583.

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